As árvores sempre exerceram grande fascínio nas pessoas. Uma das explicações para o interesse que elas despertam é sua incrível longevidade. Algumas têm mais de 4.000 anos, o que as toma os seres vivos mais antigos do planeta. Para entender o que isso significa, basta imaginar que elas nasceram muito antes de Cristo e do Império Romano. As árvores também surpreendem pelo gigantismo.
Segundo os cientistas, apenas um fungo que se esconde sob uma floresta no Oregon, nos Estados Unidos, as supera em tamanho. As árvores ocupam uma posição de destaque na literatura. Foi o fruto de uma macieira que provocou a expulsão de Adão e Eva do paraíso. Muitos autores acreditam que Buda recebeu sua iluminação sob uma figueira. No teatro moderno de Tchecov, a destruição das cerejeiras da casa de uma abastada família russa simboliza a queda final da aristocracia. Há uma lenda que afirma que um baobá brasileiro serviu de inspiração para o escritor francês Antoine de Saint‑Exupéry, autor do clássico O Pequeno Príncipe.
A fantástica diversidade desses vegetais muitas vezes milenares, altos como edifícios e de formatos exóticos é o mote do livro Árvores Extraordinárias do Mundo, publicado nos Estados Unidos e ainda inédito no Brasil.
Apaixonado pelo assunto, o historiador inglês Thomas Pakenham percorreu os quatro cantos do mundo e fotografou árvores surpreendentes. Após cinco anos de pesquisa, ele selecionou oitenta exemplos para a publicação. Uma das árvores mais impressionantes é um cipreste mexicano com tronco de 58 metros, o de maior circunferência do mundo. As árvores gigantescas são os principais destaques do livro. Pakenham também apresenta uma das árvores mais altas, uma sequóia de 83 metros de altura (mais de duas vezes a altura da estátua do Cristo Redentor), localizada em uma reserva ecológica da Califórnia, nos Estados Unidos.
O historiador incluiu no livro árvores que chamaram a atenção apenas pelo exotismo. É o caso de um carvalho francês. A árvore era tão bonita que um grupo de religiosos decidiu construir uma capela aproveitando o tronco o os galhos. O resultado é uma curiosa igrejinha rústica. Outro exemplar interessante é um baobá australiano com uma abertura no tronco que permite a entrada de um homem. Segundo Pakenham, a polícia australiana usava a árvore para aprisionar aborígines. Algumas espécies foram citadas no livro apenas por seu aspecto inusitado, como um baobá africano chamado de pata de elefante, apelido dado pelos moradores locais.
Uma das árvores preferidas do historiador é um pinheiro da Califórnia que, acreditam os cientistas, tem mais de 4.600 anos. Chamado de Matusalém, ele é o ser vivo mais velho do planeta. As árvores vivem milhares de anos por várias razões. Para sobreviver em condições climáticas adversas (seca ou frio excessivo), elas economizam energia e, com isso, crescem num ritmo mais lento. Tal característica permite que espécies como os pinheiros se tornem longevas. Muitas árvores também não possuem predadores capazes de destruí-las. À exceção do fogo, de cupins e do próprio homem, não há o que as aniquile. "O incrível é que essas árvores passaram por mais de quarenta gerações, de homens", diz Thomas Pakenham. "Imagine quantas pessoas do passado não tiveram a oportunidade de admirá‑las como nós”.
Fonte: Revista Veja
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