Muito interessante a discussão que encontramos no Fórum da Construção a respeito do paisagismo e sobre o crescimento da necessidade por profissionais qualificados na área. A matéria de 2009 desejou demonstrar a carência em nosso país por cursos específicos. E queremos iniciar também aqui neste espaço, um amplo debate sobre o paisagismo e estes profissionais no Brasil.
Leia está matéria e depois participe do nosso Fórum, colocando suas idéias e opiniões.
Atualmente, no Brasil, inúmeros profissionais se apresentam como paisagistas. O mercado, a sociedade e os conselhos profissionais não têm clareza acerca da qualificação e das atribuições deste profissional.
O paisagista tem por atribuição realizar projetos de espaços livres de edificação em suas variadas escalas, desde um jardim a um parque.
Estas atribuições, especialmente em um país como o nosso, encerram responsabilidades sociais, ambientais, urbanistas, culturais e profissionais de graves e, muitas vezes, irreversíveis conseqüências.
Esses projetos, por sua escala e natureza, demandam o domínio de um amplo arsenal de conhecimentos:
- das ciências humanas; - das ciências biológicas; - da geografia; - da geologia; - da ecologia; - e das artes.
O estabelecimento do campo do saber paisagístico nos cursos de arquitetura data do início da década de 50 na Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo. A obrigatoriedade, porém, de sua inclusão nos cursos de forma nacional, somente se concretizou em 1.994, e mesmo assim, o processo de inclusão do estudo do paisagismo em muitas faculdades de arquitetura ainda é muito incipiente.
A reforma curricular em 1.984 estabeleceu a obrigatoriedade do paisagismo como disciplina no currículo dos cursos de agronomia. Em diversas faculdades o assunto já era abordado desde a década de 70, mas sempre em caráter de disciplina optativa.
Hoje, com a organização dos cursos de nível técnico, de especialização (pós graduação lato sensu), de habilitação, além das primeiras iniciativas em graduação, caracteriza-se um esforço de capacitação dos profissionais em atividade e dos estudantes que pretendem atuar na área de paisagismo.
Dada a ampla gama de conhecimentos necessários para o exercício pleno da profissão e dadas as grandes responsabilidades em questão, cabe perguntar:
Levando em consideração o tamanho do Brasil, existem cursos ou faculdades suficientes para capacitar esses profissionais?
Encontramos alguns cursos como é o caso do curso de Composição Paisagística da Escola de Belas Artes da UFRJ, o curso de Arquitetura da Paisagem (SENAC-SP), o curso técnico em Paisagismo (SENAC-SP), o curso de Especialização em Arquitetura Paisagística (FUPAM) e o curso de Formação Rápida de Paisagismo Produtivo na UFPR entre outros, porém, pouco divulgados.
Existem interesses que poderão determinar os próximos rumos da profissão:
- Os interesses dos profissionais que já atuam na área e que demandam sua regulamentação - arquitetos ou não;
- Os interesses das faculdades e suas mantenedoras pela criação de novos cursos que ampliem a oferta e a demanda por novas vagas;
- Os interesses dos profissionais que pretendem atuar na área, frente ao processo de globalização e regulamentação das atribuições em escala internacional - ALCA ou MERCOSUL;
E, por fim, os interesses de uma sociedade injusta e desigual, habitante de uma porção privilegiada do planeta, repleta de cidades dinâmicas, mas também problemáticas.
Estas questões foram levadas pela ANP - Associação Nacional de Paisagismo para discussão e foi encontrada forte resistência em tratar do assunto por parte de alguns arquitetos, que lutam pela reserva de mercado para os formados em arquitetura, e apoios velados por parte de outros que ainda hesitam em reconhecer a urgência na solução do tema.
Para fortalecer essa área, é preciso ter em mente três linhas de atuação:
QUALIDADE da atividade do Paisagismo quer na formação profissional, quer no resultado apresentado.
RECONHECIMENTO profissional - campanha de esclarecimento junto ao mercado sobre o que é paisagismo e quem é o profissional paisagista.
REGULAMENTAÇÃO da profissão - melhor definição junto ao CREA sobre as atribuições do profissional paisagista.
Necessitamos de mais cursos de graduação universitária específica para arquitetura da paisagem, cursos técnicos, cursos à distância, cursos de especialização ou pós-graduação em arquitetura da paisagem.
Precisamos incentivar, divulgar, apoiar e trabalhar pela oferta de profissionais capacitados com qualidade.
É importante que os vestibulandos tenham conhecimento destes cursos, pois muitos desejando ser paisagistas e ignorando completamente a existência de uma Faculdade de Paisagismo, acabam, erroneamente, cursando Agronomia, Arquitetura, Biologia e outros.
Felizmente, hoje, temos no Brasil diversos Encontros e Congressos sobre paisagismo e livros especializados na nossa flora que facilitam nossa atualização, permitindo que estejamos sempre em contato com as descobertas mais recentes, tanto em nosso país, como no resto do mundo.
Com o reconhecimento da profissão, o Paisagista de nível universitário será valorizado e aqueles que fazem cursos livres de paisagismo serão reconhecidos como Técnicos em Paisagismo e poderão assessorar os paisagistas. Desta maneira poderemos estar sempre trabalhando em conjunto e trocando ótimas experiências.
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