Os efeitos do ozônio na troposfera, cuja concentração vem aumentando desde 1850, podem diminuir o crescimento das plantas, assim como a sua capacidade de absorver o dióxido de carbono e agravar o sobre-aquecimento global ao longo deste século, afirma um estudo publicado na revista “Nature”.
O ozônio (O3) na troposfera, a camada mais baixa da atmosfera, prejudica as plantas e afeta a sua capacidade de absorver o dióxido de carbono (CO2), gás com efeito de estufa cuja libertação para a atmosfera acelera as alterações climáticas, escrevem os investigadores.
Apesar do dióxido de carbono ser apontado como um dos responsáveis pelo sobre-aquecimento do planeta, tem um efeito benéfico no crescimento das plantas. O ozônio contraria esse efeito, diz Stephen Sitch, investigador na área do clima no instituto de meteorologia britânico Met Office.
“À medida que o CO2 aumenta na atmosfera, isso estimula o crescimento das plantas”, disse Stich. O cientista salientou que muitas simulações que prevêem o impacto das alterações climáticas levaram em conta este efeito, mas “não incluíram o outro, o efeito negativo do ozônio”.
As plantas e o solo “atrasam” o sobre-aquecimento ao absorver cerca de um quarto das emissões de CO2, mas isso poderá mudar se o ozônio troposférico aumentar, alertam os cientistas.
As projeções sobre este aumento no ozônio indicam que poderão verificar-se “reduções significativas na produção regional da vegetação e das plantações”.
O efeito do CO2 pode promover a produtividade vegetal global até 88.4 mil milhões de toneladas por ano. Mas se levar em conta o efeito do ozônio troposférico, esse poder do CO2 é de apenas 58.4 mil milhões de toneladas, escrevem os cientistas.
O efeito do ozônio significa que as plantas vão absorver menos CO2 da atmosfera. “O dióxido de carbono é o maior gás, com efeito estufa, mas o ozônio está reduzindo a produtividade vegetal de forma significativa”, disse Stich.
Fonte e pesquisa: Reuters
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