Todos nós aprendemos nos primeiros anos de escola que a origem do nome do nosso país se deve a uma árvore "de lenho cor de brasa" muito abundante em nossas matas ao tempo do Descobrimento. Documentos de 1503 registram os nomes Terra do Pau Brasil, Terra do Brasil, posteriormente abreviados para Brasil.
Natural da Mata Atlântica, mais acentuadamente no trecho que ia de Pernambuco ao Rio-de-Janeiro, o pau-brasil é uma árvore típica das zonas intermediárias entre o mar e a caatinga. Apesar disso, também se adapta bem em regiões onde faz muito frio, como Blumenau em Santa Catarina. Os indígenas brasileiros usavam a tinta de cor vermelha do cerne da madeira, para tingir adornos feitos de penas de aves que usavam em dias de festa. Entre eles, a árvore era conhecida popularmente por nomes como: pau-de-pernambuco, pau rosado, arabutã, brasileto, imirapitã, muirapiranga.
Foi o botânico francês Lamarck quem deu o nome científico ao pau-brasil: ‘Caesalpinia echinata’.
De crescimento lento, o pau-brasil pode chegar a 30 metros de altura. Seu tronco é espinhento e as folhas verde-escuras e brilhantes são ovais e perenes. As flores aromáticas de coloração amarelo ouro formam cachos cônicos. Em São Paulo aparecem quando a árvore tem mais de cinco anos de idade, entre setembro e março. Em Pernambuco, floresce aos três anos, entre dezembro e maio. As principais inimigas do pau-brasil são as formigas (nativas).
Muito antes do descobrimento do Brasil, os portugueses já utilizavam um pigmento próprio para tingir, obtido da ‘Caesalpinia sapam’ que mandavam buscar na Ásia. A espécie já era conhecida desde a Idade Média e pertencia ao mesmo gênero das árvores que acabariam sendo encontradas em nossas terras, a Caesalpinia. Após o descobrimento, os portugueses passaram a explorar indiscriminadamente o pau-brasil, principalmente porque o corante vermelho denominado brasilina (oxidado se transforma na brasileina) também produzia tinta vermelha, só que de qualidade superior ao que eles já conheciam.
Juntamente com papagaios e araras, o pau-brasil foi enviado ao Rei de Portugal como amostra de mercadoria de valor para os comerciantes portugueses, que visavam utilizá-lo nas construções navais, móveis, trabalhos de torno e principalmente na extração da tinta em tom vermelho vivo (nos séculos 16 e 17 deu o tom da roupa da nobreza européia).
O primeiro período da história econômica do Brasil é denominado de ciclo do pau-brasil e caracterizou-se pela exploração da árvore que medrava em abundância por essas terras. Com a derrubada predatória das árvores pelos portugueses, espanhóis, holandeses, franceses e ingleses e sem replantio para repor as perdas, passou-se ao mais completo desinteresse e esquecimento. O que ninguém poderia imaginar é que esses 3 séculos de incursões dos europeus e dos muitos contrabandistas levariam as florestas da orla marítima ao esgotamento. Toda a devastação só teve, parada quando em 1826 descobriu se a anilina de origem química, quando então o pau-brasil deixou de ser a principal fonte de matéria prima para os corantes.
Ainda hoje constitui fonte de exportação dos estados do Espírito Santo e da Bahia para toda a Europa, principalmente para a Alemanha, onde é utilizado na confecção de arcos de violino. Por ser um instrumento delicado, o arco deve ser feito de madeira flexível, sem nós e serrado de modo que as fibras acompanhem sua curvatura.
O pau-brasil é considerado uma espécie botânica em extinção. Preocupada com isso, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, está desenvolvendo um projeto que busca recuperar parte da riqueza genética perdida pelo pau brasil. Pesquisadores da Embrapa estão estudando uma das últimas populações de pau-brasil existentes no sul da Bahia, a fim de poder utilizá-la no repovoamento das áreas da Mata Atlântica, onde a espécie não existe mais.
Nosso país é o único no mundo que possui o nome de uma árvore.
Pesquisas realizadas apontam que mais de 96% da população brasileira desconhece que pau-brasil é a árvore nacional, de acordo com Lei n. 6.607 de 07/12/1978, e que em 03 de maio comemora se o dia do Pau-brasil. E você, sabia disso?
Prof. Francismar F. A. de Aguiar / Instit. de Botânica de São Paulo
Fonte: Informativo verde
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