Quando falamos em Composição Paisagística freqüentemente ouvimos que se trata de uma simples combinação de plantas dentro de um espaço. Não está errado, mas sim totalmente incompleto, existem teorias por detrás destas combinações, trata-se dos Princípios da Composição Paisagística, e são eles: a mensagem, o equilíbrio, a escala, a dominância, a harmonia e o clímax da paisagem.
Mas para falarmos destes princípios precisamos entender os elementos de comunicação de um jardim. Dentre os mais significativos temos as linhas, formas, texturas e cores, além dos invisíveis como sons, cheiros, etc.
As linhas podem ser retas, curvas ou mistas. Elas têm o poder de oferecer impressões diversas ao observador e bem exploradas conferem significado ao jardim da seguinte maneira:
-linhas horizontais: transmitem calma, paz, descanso -linhas verticais: sugerem ascensão, grandiosidade, força, permanência. Quem nunca teve esta sensação perante uma imponente palmeira ou um grande cipreste italiano? -linhas curvas: relacionadas com graça, movimento e dinamismo, caso típico de caminhos sinuosos por entre o jardim.
Este planejamento de linhas serve para fazer a divisão dos espaços, de acordo com a função de cada ambiente.
Em relação às formas, cada planta possui a sua , como também cada conjunto delas, as copas das árvores possuem formas diferentes, os arbustos, as palmeiras e as flores, não é difícil imaginar este maravilhoso jogo de formas em um jardim.
A textura está relacionada diretamente com as nossas sensações, com o aspecto. Olhar um cacto e uma rosa, cada um passa sensações diferentes e deve-se diretamente à textura de cada um. Este conjunto de texturas no jardim, bem explorado, cria fantásticos efeitos. As cores têm uma importância e um poder de comunicação tão significativos, que seu uso deve ser extremamente estudado antes de se compor qualquer projeto junto aos seus respectivos usuários. Isto se deve ao poder das cores transmitirem sensações. Tomemos duas cores totalmente opostas; azul e vermelho. O vermelho causa sensação de euforia, excitação, ação, calor, além de dar a impressão de recuo, portanto causando a impressão de diminuição do espaço onde está sendo usado, portanto podemos dizer que se tomarmos grandes áreas e quisermos causar o efeito de diminuição, o uso do vermelho é extremamente recomendado. O vermelho também causa aumento da pressão arterial e tensão muscular, tornado-se extremamente estressante quando mal usado. O azul por sua vez é o oposto, a sensação de paz, frescor ,calma e ao contrario do vermelho confere ao jardim o sentimento de amplitude, portanto recomendado para pequenos espaços.
Visto isto finalmente podemos entender melhor os princípios da composição paisagística:
-a mensagem: não basta o jardim estar “arrumadinho”, ele tem que dar o recado, tem que falar com o usuário, deve ter sentido em cada planta colocada.
-o equilibrio: como em uma balança de dois pratos, funciona também nosso jardim. É como se houvesse um eixo central e de cada lado o peso dos componentes deste jardim deve ser igual ao outro.
-a escala: diz sobre o aproveitamento dos espaços, suas distâncias corretas e no caso das plantas o fator tempo nunca deve ser esquecido, pois o desenvolvimento de algumas espécies pode interferir na escala antes prevista.
-a dominancia: algo sempre dominará o espaço, nem sempre em quantidade, mas as vezes por expressão conforme cada elemento de comunicação.
-a harmonia: sempre lembrada, a harmonia é a primeira coisa que pensamos que um jardim deve ter, e a chave para o sucesso normalmente é a simplicidade. Quando olhamos para o jardim e não conseguimos conceber que nada pode ser tirado nem colocado, aí sim, ele está harmônico, ou seja, tudo vira uma coisa só.
-o climax: em qualquer jardim algo nos chama a atenção em primeiro lugar, aquele objeto que prende nosso olhar por alguns segundos, este é o clímax do jardim. Podem ser usados um ou mais, cuidado com os exageros que podem causar uma poluição visual devido a causar uma confusão para o observador.
O jardim é uma forma de arte, classificado nas “Belas Artes”, que requer do paisagista conhecimentos de diversas áreas como botânica, geologia entre outras. Mas o paisagismo é arte no seu poder de causar emoções e estas emoções causadas dependem do íntimo de cada profissional, basta lembrar dos grandes artistas que ficaram para a história , eles colocavam sua alma no que se propunham a fazer. Como em uma tela, como numa escultura ,assim deve ser também no jardim. O artista tem a teoria em sua alma e só aperfeiçoa seus conhecimentos no desenvolvimento de seu trabalho.
Resumo: Trata-se dos princípios da Composição Paisagística, associado com os elementos de comunicação no Jardim. Autor: Resumo da obra de José Augusto de Lira Filho.
Fonte: material enviado por Carla Bernardes / e-mail: florabernardes@uol.com.br
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