Enchentes são cada vez mais freqüentes no Brasil e no mundo, o que tem flagelado as populações urbanas, seja pela perda de seus bens, até mesmo da saúde, já que a inundação favorece a disseminação de doenças.
No entanto, há que se lembrar que a enchente é um fenômeno natural dos regimes dos rios. Não existe rio sem enchente. Todo e qualquer rio tem sua área natural de inundação, cujos limites devem ser respeitados para que não haja conseqüências problemáticas. Quando, por exemplo, o homem remove as várzeas ou se instala junto às margens, ele está infringindo essa regra.
 Com o desmatamento e a impermeabilização do solo, que resultam dessa ação do homem, alteram-se significativamente a magnitude e o regime das cheias, pois aumenta o volume de água que chega aos rios. Assim, os danos das inundações também serão maiores. As Águas pluviais, que poderiam resolver em parte o problema do abastecimento, transformam-se assim numa ameaça, em algo de que “precisamos nos livrar” o mais rápido possível. Conforme as normas ainda vigentes dos fabricantes nacionais de tubos e outros materiais, “Água de chuva” aparece na seção “Esgoto”, quando na verdade deveria constar na de “Abastecimento de água”.
O sistema de captação, filtragem e armazenamento de água de chuva para uso residencial ou em instalações maiores, é ambientalmente correto, economiza água e dinheiro, evitando alagamentos e os efeitos de racionamento ou falta d’água. Na cidade de São Paulo, uma lei municipal estabelece normas e diretrizes para a captação de água de chuva. Trata-se da Lei nº 464, de 2005, na qual se estabelece que seja obrigatória a implantação de sistema para a captação e retenção de águas pluviais, coletadas por telhados, coberturas, terraços e pavimentos descobertos, em lotes, edificados ou não, que tenham área impermeabilizada superior a 500m² (quinhentos metros quadrados).
Ainda há pouco interesse sobre o assunto, mas algumas empresas dispõem da tecnologia de sistemas de captação e tratamento de águas de sistemas de captação e tratamento de águas de chuvas, que funcionam da seguinte maneira. Filtragem: a água captada é encaminhada para um sistema de filtragem, onde é feita a retirada de sólidos em suspensão. Armazenamento: a água filtrada é direcionada para um reservatório destinado à água de chuva, onde passará pelo processo de decantação e clarificação. Mais de 70% das necessidades de água do dia-a-dia não demandam o uso de água potável. Essa água poderá ser direcionada para uso nos vasos sanitários, mictórios, lavagem de roupas, paisagismo (para irrigação de áreas verdes, pomares, jardins e plantações e até mesmo, encher lagos artificiais), lavagem de peças, pisos, paredes, ruas, automóveis e ônibus, produção industrial, torres de refrigeração, reserva técnica de incêndio, etc.
Os principais benefícios são a drástica redução dos custos. Com o sistema de aproveitamento de água de chuva, pode-se atingir uma economia de até 90 % no consumo de água para fins não potáveis. O investimento para implantação do sistema é realizado com os recursos proporcionados pela redução dos gastos com água. Além disso, é ecologicamente correto. Um exemplo é o projeto “Cidade do Samba”, cuja obra começou em 2003 e foi inaugurada no início de 2005. Situada na Zona Portuária, no Rio de Janeiro, tem área de captação de 21.000 m², com capacidade total de armazenagem de 740.000 litros de água de chuva. Algumas empresas já implantaram o sistema de captação, como a Petrobrás (bases administrativas e refinarias), Aeroporto Santos Dumont, Rodoviária de Petrópolis, Prefeitura do Rio de Janeiro, instalações construídas para os Jogos Pan Americanos de 2007, como o Estádio João Havelange (Engenhão), Arena Poliesportiva, Parque Aquático e Velódromo, além de outras empresas e indústrias de vários ramos de atuação.
O que nos cabe é pensar até quando vamos tornar problema o que deveria ser solução. Quando se dispõe de todos os recursos necessários para o pleno aproveitamento da água da chuva, não há justificativas para desperdício, ainda mais num contexto de escassez planetária desse precioso recurso.
Fonte de pesquisa: Informativo Verde
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