No planeta Terra, que deveria se chamar planeta Água, porque 3/4 dele são compostos por água, é preciso lembrar que apenas 2,5% desse total é potável. Do que sobra, 3/4 são neve ou geleiras. Assim, menos de 2% da água que existe no mundo pode ser usada pelo ser humano. Mudanças climáticas, perda de áreas alagadas, infraestruturas inadequadas e mau gerenciamento dos recursos têm feito da água um problema global. Segundo a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), menos da metade da população mundial tem acesso à água potável. 73% das águas consumidas são para a irrigação, 21% para a indústria e apenas 6% para o consumo doméstico.
Um bilhão e 200 milhões de pessoas (35% da população mundial) não têm acesso à água tratada. Um bilhão e 800 milhões de pessoas (43% da população mundial) não contam com serviços adequados de saneamento básico. Dez milhões de pessoas morrem todos os anos em decorrência de doenças intestinais transmitidas pela água. A cada 12 meses, mais 80 milhões de pessoas necessitam dos recursos hídricos da Terra. Quase 3 bilhões de habitantes, que devem ser adicionados à população mundial nos próximos 50 anos, nascerão em países que já sofrem de escassez de água.
 Atualmente, muitas pessoas nesses países carecem de água para beber, satisfazer suas necessidades higiênicas e produzir alimentos. Em nossa economia mundial cada vez mais integrada, a escassez de água cruza fronteiras. Um exemplo é o comércio internacional de grãos, que necessita 1.000 toneladas de água para produzir 1 tonelada de grãos, tornando a importação de grãos a maneira mais eficaz para os países com déficit hídrico importarem água. Um fato relevante é que os lençóis freáticos estão hoje caindo nas principais regiões produtoras de alimentos: a planície norte da China, o Punjab na Índia e o sul das Great Plains dos Estados Unidos, que faz do país o maior exportador mundial de grãos.
A extração excessiva é um fenômeno novo, em geral restrito a última metade do século. Só após o desenvolvimento de bombas poderosas a diesel ou elétricas, conseguimos extrair água dos aqüíferos com uma rapidez maior do que sua recarga pela chuva. Outro ponto importante é que além do crescimento populacional, a urbanização e a industrialização também ampliam a demanda pelo produto.
Conforme a população rural, tradicionalmente dependente do poço da aldeia, vai se mudando para prédios residenciais urbanos com água encanada, o consumo de água residencial facilmente triplica. Algumas das cidades mais ricas do mundo, como Houston, no Texas, e Sidney, na Austrália, consomem mais água do que são capazes de repor. Nos Estados Unidos e no Japão, o uso diário de água per capita alcança os 350 litros, enquanto cada europeu consome 200 litros por dia, afirmou o relatório. Na África subsaariana, o consumo diário per capita é de no máximo 20 litros.
Em Londres, a infra-estrutura ultrapassada gera um volume de perdas equivalente a 300 piscinas olímpicas por dia. A industrialização consome mais água que a urbanização. A concentração populacional também gera demanda adicional. À medida que as pessoas ascendem na cadeia alimentícia e passam a consumir mais carne bovina, suína, aves, ovos e laticínios, elas consomem mais grãos.
Se os governos dos países carentes de água não adotarem medidas urgentes para estabilizar a população e elevar a produtividade hídrica, a escassez de água em pouco tempo se transformará em falta de alimentos. Estes governos não podem mais separar a política populacional do abastecimento de água.
Água no Brasil
Um décimo de toda a água do planeta está no Brasil. Nosso problema é que as fontes do recurso não estão no mesmo lugar que as pessoas, e os sistemas de abastecimento e saneamento passam longe do ideal. Temos 80% da água na região amazônica, onde vivem só 5% dos brasileiros. Um morador do Pará tem à disposição 558 mil metros cúbicos de água ao ano. Segundo os parâmetros internacionais, só há problema para quem tem menos de mil metros cúbicos por pessoa ao ano. De acordo com o critério, o semi-árido de Pernambuco, que tem metade disso, empata com Argélia, Tunísia e Oman, que estão entre os 10 países mais secos do mundo.
Na cidade de São Paulo a situação também causa preocupação: são 810 metros cúbicos por pessoa ao ano, com tendência a diminuir segundo previsões antigas. Desde a década de 80, o crescimento da área irrigada do Brasil tem superado o crescimento da população, o que tem sido um dos principais motores da nossa economia. Mas o cultivo depende de água, todos sabem, mas isso ainda não tem sido motivo de preocupação na área. Uma das saídas mais utilizadas no mundo para economizar água é a reutilização: água potável é utilizada para usos vitais beber, cozinhar, tomar banho - depois, ao invés de ir embora pelo ralo, ela passa por um filtro e é usada novamente onde não se precisa de água potável.
A indústria é quem mais investe nesta área no Brasil. O ideal é que a reutilização de água seja prevista em lei e incentivada pelo governo, que deve evitar projetos faraônicos de abastecimento e estabelecer como meta o uso racional. Se as campanhas educativas fizerem parte do dia-a-dia das crianças, serão muito mais eficientes. Na área urbana, a proposta da ONG ambiental WWF, que fez um estudo mundial sobre o assunto, é partir da estratégia realizada em Nova Iorque. A cidade fez planejamento financeiro e decidiu investir US$ 1,5 bilhão em 10 anos para preservar os mananciais. O Brasil tem sem dúvida, muita água. O desafio é aprender a pensar no futuro, distribuir as águas para todos, melhorar o saneamento, investir em uso racional e educar a população para economizar. Antes que tenhamos sérios problemas.
Fonte de pesquisa: Informativo Verde
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