Sempre se atribuiu à poluição química a maior responsável pela destruição do ambiente e a que causa maiores riscos à preservação das espécies. Entretanto, a poluição biológica e patogênica surge como arma perigosa. Somente o homem é capaz de levar novas espécies de plantas e animais a lugares onde jamais poderiam ter chegado sozinhas, só que diante de tantas modificações genéticas em plantas e animais, com a intenção de resolver os problemas da humanidade, a grande preocupação é que por um descontrole, ou descuido do processo de transferência de genes, ocorra uma verdadeira poluição biológica, com modificações graves na cadeia.
Alarmismo à parte, há milhares de anos as espécies se modificam geneticamente pelos cruzamentos espontâneos, originando grande diversidade genética, necessária para cumprir um dos princípios darwinista. Agora a ciência manipula os genes e a grande preocupação é que essa mesma seja manipulada pela ganância e preponderância econômica, constituindo o início de uma mutação gradativa das espécies, de origem maléficas.
Com a seleção artificial, a vacinação, as injeções de hormônio, os antibióticos e, principalmente, a intervenção genética, com a manipulação de embriões, o nível de mutações subiu a um ritmo cem vezes maior que o da natureza.
A clonagem vegetal, pela cultura de meristemas, também conhecida como micropropagação, oferece inúmeras vantagens e aplicações na agricultura, porém na clonagem de animais ocorrem, comumente, problemas de formação de órgãos, como coração, rim e pulmão, em mais da metade dos que nascem. Muitos morrem, porém os demais vivem para sempre com limitações pelas falhas hereditárias.
Outro tipo de poluição que pode levar muitas espécies raras à extinção é a patogênica, pela exposição a doenças humanas, ligada à intromissão dos hominídeos em áreas selvagens e à zoofilia, a maldita selvageria humana, enfim.
Mas que todos saibam que à medida que aumenta a taxa de infecção de animais, aumentam também as chances de o homem contrair novas doenças. Só que o grande perigo é que surja um vírus que, num salto evolutivo, surpreenda a medicina desprevenida.
Toda a biodiversidade sofre com o saque biológico, muitas vezes camuflado por convênios que prometem cooperações descabidas para a bioprospecção, a exploração de recursos genéticos, e, por isso, há que elaborar legislações específicas para cada caso mencionado, de acordo com aquilo que a sociedade deseja, mas o homem tem, acima de tudo, que mudar sua forma de se relacionar com a natureza, e entender, também, que a interação entre todos os seres, forma um ecossistema que constitui uma grande teia para a vida na Terra. Para isso, no entanto, é preciso retomar a evolução humana, principalmente no sentido de empregar o espírito coletivo de cooperação. O mutualismo.
Por: João O. Salvador - biólogo do Centro de Energia Nuclear na Agricultura
Fonte de pesquisa: Gazeta de Piracicaba
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