1. Introdução
1.1 O que é irrigação
Irrigação é uma técnica utilizada na agricultura, em viveiros e no paisagismo, que tem por objetivo o fornecimento de água para as plantas em quantidade suficiente e no momento certo, assegurando produtividade, sobrevivência e exuberância.
Portanto, irrigar não é simplesmente jogar água sem nenhum critério, pois desta forma podemos aplicar doses excessivas que trazem problemas às raízes das plantas (apodrecimento, lavagem de nutrientes) ou doses insuficientes que prejudicam o desenvolvimento e a produtividade (redução do metabolismo).
Existe um conjunto de técnicas, que planejadas de forma adequada e colocadas em operação no momento previsto, repõe a quantidade certa de água no solo garantindo à planta o suprimento necessário para um bom desenvolvimento.
1 .2 Determinando a necessidade de água
1.2.1 Água x Crescimento vegetal
A água é um elemento fundamental aos processos de crescimento e desenvolvimento da planta, participando diretamente em dois fatores vitais: Fotossíntese e, absorção e translocação de nutrientes
A fotossíntese é a síntese de glicose a partir de energia luminosa nos cloroplastos. Essa reação, a partir de gás carbônico e água, sintetiza os açúcares para a nutrição da planta. Os minerais são absorvidos do solo pelas raízes juntamente com a água e conduzidos pelo xilema até as folhas onde transformam-se em substâncias orgânicas que depois são redistribuídas na planta pelo floema.
Após fornecer os nutrientes para a folha, a água deixa a planta através da abertura de cavidades chamadas estômatos, sendo transpirada para a atmosfera. Nesse momento, entra o gás carbônico utilizado na fotossíntese. Assim, estando a planta absorvendo água, ocorre uma alta taxa de transpiração, suficiente provisão de minerais e permanente entrada de gás carbônico.
Restrições de água no solo provocam o fechamento do estômato e a redução da fotossíntese. O crescimento vegetal neste caso será reduzido e a produtividade prejudicada.
Resumindo, a água é fundamental. Devemos ter um perfeito controle da umidade do solo se quisermos observar resultados em um projeto de irrigação.
2. Irrigação de jardins
Todo o projeto paisagístico bem elaborado e executado tem um custo relativamente elevado, tanto na implantação como na conservação. Por outro lado, o paisagista muitas vezes tem sua criatividade limitada pela dificuldade de manutenção, deixando de fazer uma composição ideal, relutando em aplicar espécies de plantas mais sensíveis à falta de água.
A instalação de um sistema de irrigação pode trazer muitos benefícios, transformando inconvenientes em vantagens. Estes benefícios podem ser abordados em dois aspectos: econômico e criativo.
2.1 Aspecto econômico
2.1.1 Conservação / manutenção das plantas aplicadas
A existência de um sistema de irrigação automatizado pode auxiliar em muito na manutenção das plantas aplicadas em um jardim. Uma vez definido o consumo de água, basta programar o sistema para funcionar nos momentos desejados. Um sistema de irrigação bem projetado e executado, pode funcionar por muito tempo sem necessitar de qualquer acompanhamento. O custo de manutenção do jardim é grandemente reduzido, pois não é necessária a presença e o acompanhamento constante de uma pessoa para regar.
O sistema funciona indistintamente nos fins de semana, feriados ou mesmo quando o proprietário viaja por várias semanas. Os programadores em geral tem uma bateria de segurança que mantém a programação na memória mesmo em períodos de falta de energia. Nos locais onde a disponibilidade de água de sistemas urbanos não é constante, ou não há pressão ou vazão adequadas para a irrigação, pode-se construir uma cisterna ou uma caixa d’água e proceder à irrigação através de uma bomba.
Quase todos os programadores são preparados para também comandarem uma bomba elétrica, ligando e desligando automaticamente no momento da irrigação. Isto permite também, que seja feito aproveitamento de água de lagos naturais ou de drenagem.
Com a automatização do sistema de irrigação ninguém vai esquecer de molhar nenhuma parte do jardim, nem jogar água demais onde não é necessário. Há ainda a possibilidade de aplicar fertilizantes juntamente com a água.
Outra vantagem de um sistema de irrigação ocorre em climas frios, quando se pode fazer prevenção de geadas, irrigando a fim de impedir a formação do gelo.
2.1.2 Investimento em paisagismo completo x investimento em irrigação
O investimento que se faz em um sistema de irrigação, é uma forma de proteger o investimento que foi feito no projeto paisagístico, pois ele será o responsável por sustentar a dinâmica do jardim a partir do momento de sua implantação. Será inclusive mais fácil garantir o período de adaptação das mudas recém transplantadas, que ainda possuem pouco enraizamento e são por isto muito sensíveis à falta de água.
O custo de um sistema de irrigação pode ser dividido em três partes: projeto, material e instalação. Cada projeto tem as suas particularidades, pode ser composto de áreas planas ou complexas, e pode receber um grau maior ou menor de automatização. Todos estes detalhes influirão no custo final do sistema.
O custo médio de um sistema de irrigação é decrescente em R$ /m2 à medida em que aumenta a área irrigada, tendendo a um valor constante para áreas maiores que 2.000 m2. Como referência aproximada pode-se utilizar a tabela abaixo:
O custo de um projeto de paisagismo completo e implantado não pode ser avaliado em R$ por m2, pois não obedece a critérios técnicos, mas estéticos e de preferências pessoais de quem o contrata. Porém, apenas para referência, uma média de custo feita através de uma pesquisa recente, revelou um custo de R$ 9,30/m2 para áreas de 500 a 1200 m2, chegando a um mínimo de R$ 5,00/m2 e um máximo de R$ 16,00/m2.
A irrigação, portanto, representa um custo proporcionalmente pouco significativo em relação ao investimento total em um projeto de paisagismo, principalmente quando se leva em conta que a irrigação, é uma proteção para o investimento que foi feito no paisagismo.
2.1.3 Economia de água
Outra grande vantagem de um sistema automatizado de irrigação é a economia de água que ele pode gerar. Como todo o projeto sempre parte do princípio do fornecimento à planta apenas da água consumida, procurando gerar a distribuição de água o mais uniforme possível, não há desperdício. A irrigação manual depende da sensibilidade de quem rega, e quase sempre isto significa que a água será mal distribuída.
A maioria dos programadores podem ser conectados a um dispositivo que indica quando há chuva, ou quando o solo possui umidade suficiente, inibindo desta forma a irrigação quando ela não é necessária. É possível, portanto, praticamente esquecer que o sistema de irrigação existe. Ele poderá funcionar durante muito tempo sem assistência e ainda economizar água sempre que possível.
Para quem quer ir adiante, também existe uma maneira de compensar a diferença que ocorre nos valores de evapotranspiração ao longo do ano. Muitos programadores permitem que se faça uma redução percentual em todos os tempos de todos os setores irrigados ao mesmo tempo, na prática isto significa que a lâmina de irrigação será reduzida na mesma proporção em todos os setores, o que também resultará em economia de água.
2.2 Aspecto criativo
2.2.1 Maior liberdade na aplicação de plantas mais sensíveis
Com o sistema de irrigação garantindo o suprimento de água sob qualquer circunstância, toma-se possível o uso de plantas mais sensíveis. O paisagista fica livre para inovar e não precisa ter o receio de sofrer prejuízo com a perda de alguma parte do jardim.
Como existem programadores de diversas saídas é possível ajustar o suprimento de água para cada área de um jardim, levando-se em conta a resistência de cada planta, programando inclusive irrigação em dias alternados para alguns setores e várias irrigações ao dia para outros.
É possível também fazer o programador ignorar o sinal do sensor de chuva para algum setor em específico que esteja localizado em área fechada ou ao abrigo da chuva. Assim, mesmo que esteja chovendo e o programador esteja economizando água ao não irrigar os setores externos, os setores que não recebem água da chuva serão supridos.
2.2.2 Composição estética
Os emissores de água são projetados para formar um conjunto discreto com a vegetação. Em geral são utilizados os aspersores do tipo ‘pop-up’ (emergentes), que permanecem ao nível do solo enquanto o sistema está desligado, mas elevam-se automaticamente ao receber a pressão da água. Desta forma conseguem fazer o jato d’água transpor a vegetação, sem comprometer a estética do jardim. Este recurso também é útil quando os aspersores são instalados em áreas públicas, de forma a evitar ações de vandalismo.
Existem ainda muitos outros componentes para irrigar sem aparecer, como microtubos, gotejadores, mangueiras enterráveis, que possuem gotejadores embutidos em espaçamentos regulares, que permitem uma irrigação eficiente mas absolutamente invisível.
Em jardins que possuem caminhos, ou áreas de circulação e permanência que não devam ser molhados, podem ser utilizados aspersores que ao invés de irrigar uma área circular, irrigam apenas setores de círculos, podendo ser ajustados para qualquer ângulo que seja necessário. Ou ainda aspersores que irrigam uma área retangular.
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